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9 - Histórias contadas por proprietários de Velosolex no Brasil e América do Sul

01 - André "Babalú" Massena -  1970 em Teresópolis, Rio de Janeiro

Esse foi no começo das vendas da Velosolex no Brasil, que começou no Rio de Janeiro. Fui o primeiro da turma a aparecer com uma Velô! luxo em 1970, que vinha com para-lamas cromados, pneus banda branca, tranca de direção Simplex e grade... foi uma época muito boa, quando todo mundo tinha que ter algo motorizado lá no Teresópolis Golf Club.

Tinha também a Leonette do Daniel "Zé Colméia" e as Velô´s do Johny Katz, do Foca e até o Bugre vermelho com os novíssimos pneus "Dunne Buggy" do Sidney "Pardal" Charles Dore, que era casado com minha prima Lilian e nos aterrorizava, dando incríveis "cavalos-de-pau" com todo o pessoal no banco de trás agarrado no Santo Antônio ...

Notem os meus tamancos "Dr. Scholl" que eram moda na época... e com blazer da "Bibba" de Ipanema, do Zé Luiz Itajahy ...

02 - Sandra & Ricardo - 1971 em Teresópolis, Rio de Janeiro

Época boa ! Era nosso sonho de consumo ter uma Velosolex e tinha acabado de ser lançado o modelo 5000, que era menorzinha. Enchemos tanto nossos pais até que eles se convenceram e nos deram uma de presente no natal.

No prédio que morávamos, na Rua Moura Brasil, em Laranjeiras quase todos os vizinhos tinham: O Napoleão & Alexandre Velloso, a Célia Malheiros, o Omar "Catito" e Roberto "Bob" Peres, Rodrigo, Luiz "Tatá" Octávio Bhering Coimbra, Manoel Lourenço Renha Neto, Ronnie Vaz Moreira... era uma febre...

Aí foi obrigatório deixar a nossa em Teresópolis para só andarmos no fim de semana, onde fomos nos juntar na turma do Teresópolis Golf Clube e diversos amigos, como o Rogério Werneck Silveira, Ricardo "Chupeta" Goulart, a turma da Rua Mamoré no alto e uma imensa galera que andava por lá e em Petrópolis, Itaipava e Nogueira...

Nessa época em Teresópolis acontecia na Boite Higino - do Rubinho - o "Baile da Pesada" com Newton "Big Boy" Duarte, da Rádio Mundial 860 AM. Big Boy, era radialista, Disc-Jockey e jornalista fora de série, um visionário, sempre à frente do seu tempo em cada uma dessas atividades e todos nós, antenados da época, temos uma dívida e uma ligação com Big Boy.

Ele quebrou a caretice dos locutores deitando falação de forma descontraída, usando bordões como “hello crazy people!” e influenciando toda uma geração. Além disso, em seus programas, ele tocava não apenas rock (na ocasião, um som quase subversivo), mas também música negra em geral, do funk ao soul. Foi também um DJ influente, tocando em bailes "black" (hoje Funk) nos subúrbios do Rio, ao lado de Ademir Lemos e Messiê Limá, também já falecidos. 

Esse "mix" de Chacrinha "Jovem Guerreiro" com o radialista Lester Bangs, reverenciado como exemplo pelo radialista americano Wolfman Jack, que dizia ter adorado e copiado esse seu "estilo" de comunicação, nasceu no primeiro dia de junho de 1943 e morreu no dia 7 de março de 1977, de infarto, sozinho, num quarto de hotel em São Paulo. Lamentavelmente, para alguém tão querido, não há registro ou lembrança do seu trabalho por aí. Nenhuma sala, nenhum museu, nem ao menos um site dedicado a ele...apenas um filme que foi premiado no Festival de Curtas da Petrobrás em 2004, realizado pelo Claudio Dager e Leandro Petersen, com depoimentos de Carlos Townsend, Dr. Silvana, João Pecegueiro do Amaral, Newton Duarte  - assista clicando no link: http://www.portacurtas.com.br/buscaficha.asp?Diret=8491 .

Em Teresópolis, a imensa turma do Golf Clube, com a Yamaha CS2-E180 do Coelhão, a Honda Cub hidramática dos irmãos Porchat, as Yamahas DT-250 laranja do Júlio Lopes e a LT-2 100 Trail da Cláudia von der Schulenburg ( U 1990) e a Mobylette - ainda francesa - tipo "rabo-duro" do Vicente "Muca" von der Schulenburg - que depois ficou comigo, quando a troquei por um relógio - e que minha irmã "encerrou carreira", ao encher o tanque dela e esquecer de colocar óleo 2Tempos, trancando tudo no motor ...

Tinha a Velosolex branca "super-luxo" do Mario Rosenthal e a vermelha do Mark, da Villa Mariana, a 5000 do Coelhinho e da Gilda, a Honda 65cc. do Orlando, a Yamaha cinquentinha do Carlos Eduardo "Mosquito" Renha - tipo "easy-rider" com guidon "chifre de boi" e Santo Antonio cromado - a Velô da Tatiana e do Ully ... tinha a galera começando no motocross,  como o Júlio "Manicera" Romitti, o Sapo, os irmãos Sloper ...

 

Claudia e sua Mobylete na "Volta do O"; Tatiana e sua Velô e Claudia com

Mosquito Renha de YB-50 com faróis de milha;

 

Coelhão e Antonio - irmão do Belzebú - e a turma do Golf com os irmãos Porchat e Ramiro na Yamaha 180

 

 

Os irmãos Porchat, Orlando e a Honda 65 easy-rider; Frango e Claudia de mono, Frango e Careca preparando

o paraquedas que ia preso no Santo Antonio do Bugre, para "voarem" na Estrada Rio-Bahia...

 

Claudia e Coelhão, Carla - de xale  - Muca e Ully de Mobylette, na casa da "Tia" Ilse

 

 

Na Kombi voadora do Orlando, Coelhão, Muca e Ully

 

 

Muca, Claudia e Bijou no Camaro do Rainer Schulenburg e a galera nas motos do Renha e Orlando

03 - Mario Penna Rosenthal -  1972 na Villa Mariana em Teresópolis, Rio de Janeiro

Eu e minha irmã Claudia; com meu Pai, que era do Magazin Mesbla, uma das maiores revendas da Velosolex no Rio

 

Ter uma Velosolex era o "poder" da época, que nos deixava orgulhoso e hiper-cuidadoso com o "veículo"...

 

Em "alta velocidade" a 35 Km..... e de capacete, exigido por todos os pais (e que nos deixava ridículos...).

 04 - João Reguffe - 1985 em Rio Grande, Rio Grande do Sul:

As fotos da minha Velosolex azul são de 1985, ou seja, a motinha já rodava há 11 anos. A outra eu fiz montado em uma Micron, na porta da revendedora Velosolex em Montevidéu.

Minha viagem foi curta: de Rio Grande a Pelotas, 60km; pernoitei lá e fui mais 60km até São Lourenço do Sul.

O retorno de São Lourenço do Sul a Pelotas foi no mesmo dia e Pelotas a Rio Grande no dia seguinte.

Cada trecho de 60km demorou quase 4 horas, devido ao problema da carbonização do motor, que já vinha de outras viagens.

Somando: 240km, 16 horas. Isso foi em fev. 1985, portanto a Velo de 1974 já estava nos seus 11 anos.

 

 

 

 

 

Eu tinha duas Velosolex de '74, uma sem placa, que o senhor que me vendeu usava sem motor - em 84, o motor ainda era "0km" - e a outra, a da foto, tinha sido usada das formas mais malucas imagináveis por um amigo meu, inclusive meio "envenenada": circuitos de admissão e descarga polidos, giglê mexido, gasolina com óleo de rícino e descarga artesanal.

Não lembro com qual dos motores eu fiz a viagem.

 

 

 

 

 

 

Hoje só tenho uma (a outra eu troquei por uma cama antiga), e também não sei qual dos motores está comigo.

Mas vou tentar adquirir de volta o outro motor e talvez a motinha toda, que entreguei toda desmontada. 

Se começarem a colecionar histórias de Velosolex, acho que vão juntar muitos relatos curiosos.

Abraços, João Reguffe

 

 

 

 

05 - Marcos Vargas - 2004 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul:

06 - Ricardo Carneiro - 2003 em Teresópolis, Rio de Janeiro:

Hoje as coisas são um pouco diferentes. Quando comecei a pensar em motocicleta as opções eram muito poucas e, proporcionalmente, muito caras.

Iniciei no motociclismo aos 11 anos de idade com uma POTENTE Velosolex 3800 presenteada pelo meu pai. Como eu, acho que muitos motociclistas de hoje também tiveram a Velosolex como o seu primeiro degrau no motociclismo.

Trata-se de uma bicicleta "Gorda", de origem francesa, com um motor de 50 cc montado sobre a roda dianteira. A transmissão é feita por uma polia de ferro rugoso, semelhante a uma lixa grossa, que transmite o movimento do eixo de manivelas para o pneu. Foi febre na França e hoje ainda é utilizada como locomoção de pessoas, a baixo custo mas com algumas inovações tecnológicas importantes como: ignição eletrônica... ... caixa de direção reforçada... mais potência,  freios a tambor nas 2 rodas entre outras.

Seu tanque, de 1,5 litro, lhe dá autonomia de aproximadamente 100 Km. Com sua potência de 0,8 HP, é deliciosa de andar e muito silenciosa (até tirarmos o escape). Mas, para manter a forma física, para ligá-la ou transitar por alguma subida mais íngreme, é necessário aplicar os pedais para ajudar.

Há pouco mais de 3 meses consegui adquirir uma que estava guardada há anos em uma garagem. Os pneus estavam sem condições de uso, a pintura bastante estragada e enferrujada. O motor precisando de reparos por estar parado por muitos anos. Durante 2 meses eu a desmontei e a revisei completamente. Todos os pontos foram checados e refeitos, do motor pneu com a colocação de ítens originais pois ainda tinha sobras da minha Velosolex antiga.

Ontem, finalmente, dei como terminada a sua restauração na cor original. Hoje, pela manhã, revivi grande momentos de minha adolescência gastando "meio" tanque em um incomparável passeio "flash back".

Era engraçado ver as pessoas olhando-a passar. Os mais jovens, jamais souberam de sua existência. Devem ter pensado que era uma adaptação de um louco pelo meio da rua. Assim, se espantavam e, muitos deles, morriam de rir.

 

Os mais velhos, se mostravam surpresos por verem algo muito antigo renascer de um túnel do tempo. E lá ia eu, todo feliz, soltando aquela fumacinha branca-azulada pelas ruas, feliz da vida.

Portanto, gostaria de compartilhar com vocês esta minha satisfação. A minha Velosolex é um modelo fabricado em 1970. Para quem entende, ela é uma variação feita pela Hermes Macedo, no Brasil, onde foi usado o quadro completo e o motor da 3800; mas com o guidon, farol, cobertura central do motor e alavanca de suspensão do motor do modelo 5000.

A forma que achei interessante para que todos pudessem participar foi a inclusão das fotos tiradas hoje. Espero que gostem... se espantem... se surpreendam... ou então, morram de rir!

Enfim ficou pronta! Acho que para nós ela tem um significado especial certo? Vai ver que a nossa "tocada" tenha nascido naquela época, descendo ladeiras, fazendo pegas com aquela "indirigibilidade toda", perto dos 40 por hora, sem capacete e pneus carecas.

Um abraço a todos.

Por Ricardo Morgado ricardocem@uol.com.br

Road Runners, Petrópolis/RJ http://www.cem.br/road_runners/  -

Publicado originalmente no site www.motoestrada.com.br

07 - Alexandre Mello - 2001 em São Paulo:

 

08 - Danilo 2001 em São Paulo:

08 - Velosolex de Alexandre Silveira - Santos 2004

 

09 - Claudia "KKU" Castello Branco Ryan - Petrópolis, Rio de Janeiro 1972

Um dos meus piores machucados foi numa dessas Velos, descendo uma ladeira em Petrópolis, que nem uma alucinada e caindo diretamente num lago....

Eu não conseguia mais me imaginar dirigindo isso, mas agora que cresci, quero experimentar novamente...

Muito boa sorte para todos aí da Velô! e que ela volte a ser um sucesso como nos anos 70, pena que eu more em SoCal !

 

 

- Mande também sua história e, se possível com fotos ! Ela será publicada de imediato.